A espuma do ar com a cia Les Apostrophés (FR)

Foto: Patrick Chamayou

Espetáculo de Novo Circo da Cia Francesa “Les Apostrophés”

Dia 13 de junho, a Aliança Francesa de Salvador promove no Teatro Molière o espetáculo  da companhia francesa Les Apostrophés, intitulado “A Espuma do Ar“ (L’écume de l’air). A apresentação traz a Salvador  o circo contemporâneo, grande tendência nos palcos europeus. Cheia de mistério, alegria e sensualidade, a performance, L’écume de l’air, combina malabarismos graciosos com uma bela música original. O saxofonista Pierre Diaz e o malabarista Martin Schwietzke dividem o palco e criam uma atmosfera de sonho quando, juntos, exploram a intrigante relação entre movimento e som. Sem contar na iluminação atmosférica, que complementa a produção de forma minimalista, criando uma requintada e memorável apresentação

A espuma do ar

Temos aí um encontro com múltiplas variações: malabarismo e música compartilham o mesmo desafio tão espacial quanto temporal com a com a mesma habilidade para se transformar, se deformar, entrar no invólucro do outro, apropriar-se dele, nele provar o ar por um instante, um movimento, um gesto.
Atento ao deslumbramento da relação, mergulhando fundo, portanto, nessa aliança fértil para acionar os movimentos de convecção que lhe são próprios, Martin Schwietzke pensa, observa e testemunha. Longe dos recifes cínicos e dos naufrágios irônicos do nosso tempo, seu malabarismo é um laboratórioturbilhão, uma ilhota móvel onde os antigos sonhos vêm se confrontar. Sempre prestes a ser arrebatado, pega no ar nossas lutas internas frente às forças que sem dúvida ultrapassam de longe as da gravidade.
Põe o dedo na vertigem e nos limites da determinação individual na impermanência do mundo.
Questiona-nos sobre a escolha da luta ou da fuga, tema de um livro de Henri Laborit. Renovando a tradição do malabarismo sem traí-la, Martin Schwietzke elimina tudo o que poderia entravar seu gesto.
Vai traçando, com as qualidades do calígrafo, um movimento sempre único. Sem uma palavra, tendo o ar como aliado, está laçando um apelo para uma revolução íntima. Primeiro movimento.

Sandrine Rozier

Propósito

Diálogo que coloca lado a lado um Malabarista e um Músico, os artistas conversam entre si  com sensibilidade e mestria. Desse esquema, simplíssimo na verdade, vai surgir uma nova personalidade… um músico ímpar que “sopra os metais”.
Resgatar os primórdios, algo bruto, direto, essencial.
Uma conversa suspensa entre o efêmero e o eterno que alia o infinito dos sons à multiplicidade do malabarismo. Duas doses de escrita, uma dose de improvisação.
A alquimia do encontro se dá em pé de igualdade, na jubilação de moldar o tempo e o  espaço, o prazer de compartilhar e a felicidade de oferecer algo a ver e ouvir.
O malabarismo… ou qual o interesse em querer desafiar a gravidade?
Todo malabarista sonha em ser mágico quando tem que enfrentar a tragédia da atração
terrestre.  Ato heroico ou cúmulo do ridículo, na obstinação irrisória em querer burlar a gravidade? Não é o próprio do homem, com seu ego de homem, encontrar um jeito de entrar em uma luta que não pode “vencer”? É sua tragédia e sua salvação.
O malabarista é alguém que usa a escada que liga a terra ao céu. Pode ascender e alcançar a excelência, sendo constantemente puxado pela terra.
Os artistas
Martin Schwietzke começou a aprender e praticar malabarismo com 16 anos. Autodidata, trabalhou a partir de 1981 com as companhias Malabar, Pot aux Roses, Archaos e, mais tarde, Carérarie e ARFI.
Criou a Compagnie Métafolis com Boris Loew e o sonoplasta Olaf Augele com os quais recebeu o “Prêmio Descoberta” no Festival Chalon dans la Rue, em 1989.
Em 1992, conhece Jérôme Thomas, passando a integrar sua companhia cujo trabalho com manipulação de objetos e teatro de gestos enriquece suas próprias criações (300 apresentações com Quipos, Hic-Hoc, 4. Hoje, seu trabalho com Jérôme Thomas está focalizado nos encontros mais improvisados, em dupla em que cada um é mais malabarista-criador que intérprete (Juggling Hands ou Les Hurluberlus, Bienal de Veneza, Festival de Helsinki,…).
Em 1997, cria a “Compagnie Les Apostrophés” com Jérôme Tchouhadjian e, em 1998, A Corps pour deux solistes, espetáculo para um malabarista e um músico (70 apresentações na França, Alemanha, Brasil, México, Japão…).
Em 2000, trabalha em Histoire d’Eux, peça para público jovem do coreógrafo Yann Lheureux. Em 2001, cria La Cour des choses, segundo espetáculo da Companhia Les Apostrophés em que um trio de palhaçada toca com objetos irrisórios e inventa um universo à parte (100 apresentações no final do ano de 2007).
Em junho de 2002, inicia encontros improvisados com DJs para propor em 2003, em Helsinki: 78 Tours de mains, curto espetáculo improvisado de 35 minutos com o gramofonista Mathieu Ogier, utilizando as técnicas de mixagem atuais com um suporte do passado.
Em 2004, começa a criação de um “espetáculo engraçado e itinerante” Passage Désemboîté, com mais de 300 apresentações no mundo inteiro.
Em 2006, cria Le dimanche les fleurs poussent plus vite na Scène nationale de Alès. Solo para um malabarista e um batman, dirigido por Sandrine Barciet. Nele, reafirma seu fascínio pelo cotidiano, através da ficção de uma vida de artista, um homem apressado, inspirada de situações vivenciadas, em “tom de palhaçada”.
Paralelamente, ministra estágios de malabarismo e ensina em escolas de circo, especialmente na Escola de Circo de Estocolmo. Além das técnicas tradicionais de malabarismo, ensina a prática dos círculos, uma iniciativa pessoal que continua desenvolvendo, o trabalho de improvisação e a liberdade de movimento do malabarista.
No outono de 2007, cria junto com Jérôme Thomas e Djiz Le malheur de Job para o CDN de Normandia, com direção de Jean Lambert-Wild. Turnê na França de janeiro a maio de 2008 (40 apresentações).
Pierre Diaz vai soltando melodias no seu saxofone. Abre múltiplos espaços para nosso imaginário. Entre suas mãos, o saxofone torna-se instrumento poliglota que, de repente, assume entonações insólitas para ele. .. SAXOFONISTA,COMPOSITOR, ARRANJADOR, ATOR
Pierre Diaz estudou nos Conservatórios de Béziers e Montpellier e, depois de uma experiência com música popular, optou pelas músicas improvisadas, o jazz, a criação espontânea com dança, artes plásticas, teatro….
Ele teve varias experiências dos palcos nacionais e internacionais (Vietnã, Europa do Leste, Nova Iorque, Montreal…) como saxofonista.
SERVIÇO
Dia 13 de junho
Horário 20h
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Local: Teatro Molière
Informações: 3336 7599